UM[A] POETA NA NET
[diálogo aleatório com o desconhecido - bi_@xxx.com]
Bi_ :
Roubaram meu tempo
e essa sintese obrigatória me faz medíocre
eu que passava horas olhando as antíteses pela porta da alma, não vejo mais nada a não ser abreviações
e não vejo mais nada além de flores nas flores
essa falta de tempo me dá medo de deixar de ser sensível
já é noite e eu tenho que escolher em contar como foi meu dia ou descansar para mais um outro
lembro de Clarisse
não é que eu esteja triste hoje eu só estou cansado
não me negarei a ti
embora não tenha tanto a oferecer
e quando o novo dia nascer rouba o meu tempo
eu sei que tu mo devolverás quando eu pedir
Abraço, Bi
F :
um muro de jasmins pendentes/ brancos perfumados/ rondam nosso encontro.
Quando eu era criança, escondia-me atrás de um muro/lá aprendi as safadesas miúdas que o tempo só faz crescer/
nem me esqueci nem tanto vivi/
que o tempo é cúmplice meu e faço dele arremedos de momentos felizes/somados.
Sabe, você me trouxe de volta o tempo/
que me andava faltando e negava o próprio calor do sol.../nem sei porque a gota que se desprendia no orvalho da manhã atraiu-me/ não pela gota,/ mas pelo bom gosto de uma composição que para outros não atrai.
Você depois fechou-se para o mundo e traiu-me/ quando me contou que apagou seus poemas e "blog".
O golpe veio a galope com sua negação de si mesmo, na desconstrução de tudo.
Vejo que o tenho de volta/ alegra-me por perceber que já se desprenderam as amarras...
Espero sua palavra como quem quer sentir o que pode ter sido insensível não
fosse seu gênio e seu perfil num "site"de águas turvas.
Abraço, F
Bi_:
eu queria dizer tantas coisas sobre mim sem precisar falar nada
F :
você trouxe um perfume de que eu carecia/
e buscava equivocado encontrar,/
secreto, naquele universo que hoje me perturba.
Fala!
Bi_ :
( ) Sem precisar falar nada,
fala tu.
F:
Relembra que desvendei o segredo que escondia aquele "site" de onde retirei tudo que descobri...
minha descoberta dispersou os véus que me disfarçavam quem sou que faço o que sou
passei-lhe meu estro grato por deslizar em água doce.
Só o gênio de sua composição evitou que eu continuasse no universo como pó sideral e nunca fosse nada, apenas o negro buraco indecifrado:
quero a contrapartida e sinto que você me dará nosso momento para falar do que amamos ou sofremos e de tudo aquilo que escrevemos.
Fala!
Passou tanto tempo de minha espera
entre telefonemas não respondidos
e negações
chorei sua forma aniquilada, chorei a criatura que se negava, chorei nada poder em minha "humana insuficiência"...
"Como inútil taça cheia que ninguém ergue da mesa, transborda a dor alheia meu coração sem tristeza" [FPessoa], mas hoje presumo que serei recompensado.
Fala!
Rio, em algum momento em 2009
Nenhum comentário:
Postar um comentário