Total de visualizações de página

sábado, 30 de janeiro de 2010

DIÁLOGO COM UM DESCONHECIDO





UM[A] POETA NA NET


[diálogo aleatório com o desconhecido - bi_@xxx.com]




Bi_ :

Roubaram meu tempo

e essa sintese obrigatória me faz medíocre

eu que passava horas olhando as antíteses pela porta da alma, não vejo mais nada a não ser abreviações

e não vejo mais nada além de flores nas flores

essa falta de tempo me dá medo de deixar de ser sensível

já é noite e eu tenho que escolher em contar como foi meu dia ou descansar para mais um outro

lembro de Clarisse

não é que eu esteja triste hoje eu só estou cansado

não me negarei a ti

embora não tenha tanto a oferecer

e quando o novo dia nascer rouba o meu tempo

eu sei que tu mo devolverás quando eu pedir

Abraço, Bi

F :

um muro de jasmins pendentes/ brancos perfumados/ rondam nosso encontro.

Quando eu era criança, escondia-me atrás de um muro/lá aprendi as safadesas miúdas que o tempo só faz crescer/

nem me esqueci nem tanto vivi/

que o tempo é cúmplice meu e faço dele arremedos de momentos felizes/somados.

Sabe, você me trouxe de volta o tempo/

que me andava faltando e negava o próprio calor do sol.../nem sei porque a gota que se desprendia no orvalho da manhã atraiu-me/ não pela gota,/ mas pelo bom gosto de uma composição que para outros não atrai.

Você depois fechou-se para o mundo e traiu-me/ quando me contou que apagou seus poemas e "blog".

O golpe veio a galope com sua negação de si mesmo, na desconstrução de tudo.

Vejo que o tenho de volta/ alegra-me por perceber que já se desprenderam as amarras...

Espero sua palavra como quem quer sentir o que pode ter sido insensível não

fosse seu gênio e seu perfil num "site"de águas turvas.

Abraço, F

Bi_:

eu queria dizer tantas coisas sobre mim sem precisar falar nada

F :

você trouxe um perfume de que eu carecia/

e buscava equivocado encontrar,/

secreto, naquele universo que hoje me perturba.

Fala!

Bi_ :

( ) Sem precisar falar nada,

fala tu.

F:

Relembra que desvendei o segredo que escondia aquele "site" de onde retirei tudo que descobri...

minha descoberta dispersou os véus que me disfarçavam quem sou que faço o que sou

passei-lhe meu estro grato por deslizar em água doce.

Só o gênio de sua composição evitou que eu continuasse no universo como pó sideral e nunca fosse nada, apenas o negro buraco indecifrado:

quero a contrapartida e sinto que você me dará nosso momento para falar do que amamos ou sofremos e de tudo aquilo que escrevemos.

Fala!

Passou tanto tempo de minha espera

entre telefonemas não respondidos

e negações

chorei sua forma aniquilada, chorei a criatura que se negava, chorei nada poder em minha "humana insuficiência"...

"Como inútil taça cheia que ninguém ergue da mesa, transborda a dor alheia meu coração sem tristeza" [FPessoa], mas hoje presumo que serei recompensado.

Fala!



Rio, em algum momento em 2009






Nenhum comentário:

Postar um comentário