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terça-feira, 8 de maio de 2012

RIO+20 - uma entrevista para "O Globo"


CHEFES DE ESTADO NÃO VIRÃO AO RIO PARA UM PIQUENIQUE, DIZ EMBAIXADOR


19/04/2012 08h00 - Atualizado em 19/04/2012 10h00



Para Flávio Perri, documento da Cúpula da ONU precisa ter 'foco e meta'.
Cúpula sobre Desenvolvimento Sustentável acontece no Brasil, em junho.

Eduardo CarvalhoDo Globo Natureza, em São Paulo
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O embaixador brasileiro Flávio Perri disse que a Rio+20 precisa de um documento “com foco e metas” para atrair chefes de Estado à conferência Rio+20, já que eles não vêm ao Brasil “para um piquenique ou uma festa de aniversário”.
Em entrevista ao Globo Natureza, Perri, que foi Secretário Nacional de Meio Ambiente (cargo equivalente a ministro) do governo do presidente Fernando Collor de Mello, criticou a proposta brasileira para o encontro e o chamado “Rascunho Zero”, que norteará a conferência e é negociado entre os países que compõem a Organização das Nações Unidas (ONU).
Para Perri, se o documento não for reduzido ou melhorado, será um documento “para ser arquivado”. Segundo ele, o rascunho tem que abordar pontos-chave, lembrando questões importantes como o combate à fome e a erradicação da pobreza. "Atualmente, ele fala de tudo e de nada ao mesmo tempo," afirmou.
"Na verdade, não se pode falar de ambiente sustentável se existem mais de 1,3 bilhão de pessoas passando fome. Ter um planeta com riqueza, sendo que ela é mal gerenciada", explicou.
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, acontece de 13 a 22 de junho no Rio de Janeiro e vai debater temas ambientais, econômicos e sociais, devendo reunir ao menos cem chefes de Estado e 50 mil pessoas, entre diplomatas, jornalistas e representantes da sociedade civil.
O embaixador brasileiro Flávio Perri, que participou ativamente da Rio 92, diz que documento da Rio+20 precisa de foco para atrair chefes de estado. (Foto: Eduardo Carvalho/Globo Natureza)O embaixador brasileiro Flávio Perri, que
participou ativamente da Rio 92, diz que
documento da Rio+20 precisa de foco
para atrair chefes de estado.
(Foto: Eduardo Carvalho/Globo Natureza)
Diferenças
De acordo com Perri, a principal diferença entre a Rio 92 e a Rio+20 é que a primeira foi convocada diante de um impasse internacional sobre vários temas que estavam na pauta das Nações Unidas e envolviam questões significativas como o clima, a biodiversidade e a governança.
"Era uma conferência de chegada, de onde sairiam acordos, tanto que saiu o acordo sobre o clima, biodiversidade e a criação da Agenda 21 (...) um documento que era quase como um plano de governo que poderia ser aplicado em todas as áreas e em todas as esferas", explicou Perri.
Sobre o encontro de 2012, o embaixador afirmou que, inicialmente, seria uma conferência celebratória -- pelos 20 anos do encontro do Rio --, mas que acabou ganhando outro rumo.
"Ela [Rio+20] não tem mandato de produzir resultados imediatamente aplicáveis, porém, juntando vontade política de todas partes, pode propor novos conceitos e caminhos para o mundo até o fim do século, por exemplo. Essa ideia não ficou clara para todos e criou-se uma expectativa equivocada sobre a conferência, por isso fala-se em um iminente fracasso"
Exemplo
Um dos pontos que o Brasil poderá apresentar aos demais países na conferência, e que para o ex-secretário nacional de Meio Ambiente é uma vantagem do país, são os projetos criados para reduzir a pobreza, como o Bolsa Família. "Isso é parte do desenvolvimento sustentável", diz.
Para ele, é preciso centralizar as ideias (econômicias, sociais e ambientais) e repensar no modelo atual de produção e consumo  mundiais.

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