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quarta-feira, 16 de setembro de 2009

DUAS CAIPIRINHAS




[e uma história do possível]

Só por hipótese [nenhum fundamento] imagine um homem [como eu] à beira-mar num domingo de vodka seco e duas caipirinhas, sol, cabeça embalada pelo desejo inconfessável que não confessa, tempo e o carro, sob os cuidados de um flanelinha, descontração e inconsciência. Vê passar uma gostosinha semi-nua, quase menina, sorridente. O instinto, o sol e a caipirinha colimados pelo vodka desencadeiam a ação e o homem segue a ginga jovem do garota, que reduz o passo, volta-se perceptiva, pele lisa em torso nu, peitinhos duros de empalmar no abraço, sorriso ingênuo malícia no olhar, aconchega-se à sombra da amendoeira e, sem atentar para imensidão do mar, adota o gesto irreverente de uma lavadeira, mãos na cintura, a questionar o desejo inconfessável... Inconsciente, puro instinto, o homem-animal nem pergunta se a moça pensa ou deixa de pensar, se alguma vez sentiu um reles sentimento, se sabe ou não que Nora Ney não é Maria Callas, se no corpo bate um coração ou se está vivo. Basta estar quente. O olhar maduro fulmina o corpo jovem, abraça-o na imaginação, alisa o torso voluptuosamente, confessando, arrasta-o ao carro, propõe-lhe cem reais, dá dois ao flanelinha e vai...

novembro de 2003

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